Em Santa Luzia Está o Mais Antigo Clube da Paraíba
Treze, Campinense e botafogo são clubes tradicionais no "soccer esportivo tabajarino", mas é em Santa Luzia, que está o mais velho clube de todo Estado, alcançando agora, 50 anos de atividades esportivas, sem que tenha havido de lá pra cá, qualquer interrupção na sua gloriosa caminhada.
Fundado no dia 19 de abril de 1923 por um grupo de "rapazolas" que já se viam as serenatas como uma rotina, o Sabugí Esporte Clube venceu todas as dificuldades e ainda continua firme, representando condignamente o nome esportivo da "Veneza do Sertão", obtendo excelentes resultados nos jogos inter-estaduais. Muitos dos seus fundadores já se encontram em outras plagas, sendo alguns deles nomes de projeção, entre médicos, economistas, advogados e políticos.
Cópia de uma foto do ano de 1923 - ano da fundação
A História
O vereador Luís Marinho, possui ainda hoje, em sua residência, um verdadeiro arquivo sobre toda vida do clube sertanejo, e na conversa com o repórter, ele vai dissertando com riqueza de detalhes, a trajetória da agremiação, desde os primeiros passos. Na época, Luís Marinho foi escolhido como secretário, não hesitando em atender o convite formulado pelo primeiro presidente do clube, sr. Manoel Bianor de Freitas. Outros jovens vieram engrossar a fileira de idealistas pela implantação do esporte-rei na vizinha comuna, e já no mesmo ano, 11 jogadores se encontravam aptos a enfrentar qualquer dos bons times da região, haja-vista a aprovação durante os treinamentos.
A Estréia
Segundo o sr. Luís Marinho, a grande data na vida do clube, foi realmente naquele belo domingo 7 de setembro de 1923, data de estréia, e dia de vitória sobre o São Mamede Esporte Clube, pelo escore de 1 X 0. A cidade ficou em festa, os habitantes que não gostavam tanto de futebol aderiam a ideia e, então, a equipe empreendeu uma marcha vitória.
Gil Gonçalves, Manoel Medeiros, Solon Machado, Chico Graciano, Manoel Pequeno, Aderbal Vilar, Chico Soares, Moacir Medeiros, Manoel Bianor de Freitas, Manoel Benício e Noberto Baracuy, foram os participantes da jornada inicial, e na época tidos como heróis, não só pelo triunfo, mas em razão de fundarem a primeira agremiação local, que viria ser depois, a mais antiga do futebol paraibano.
Bons Feitos
Dentre façanhas obtidas pelo Sabugí Esporte Clube, até os idos de 1960, o sr. Luís Marinho, destaca as vitórias obtidas em Caicó e São José do Seridó (Rio Grande do Norte), inclusive vencendo por duas vezes o selecionado de Caicó; ganhando um rico troféu em disputa com um quadro da cidade de Patos, e por fim sendo campeão do certame organizado por equipes de São Mamede, Juazeirinho, Santa Luzia e Soledade.
Foto do acervo de Guido Ferreira Araújo
Uma Decepção
Como no futebol nem só vitórias acontece para um lado, Luís Marinho, afirma que o Sabug Esporte Clube também teve duros revezes, citando a maior decepção para todo elenco, em 1936, quando era tido como o bicho papão. O cartaz do time era enorme. Veio então, uma caravana de estudantes universitários, sendo todos os componentes, filhos de Santa Luzia, mas cursando a Faculdade do Rio de Janeiro. Fizeram o desafio e o dia do cotejo foi determinado. Os atletas do Sabugí entraram em campo, e sob os aplausos da torcida já contavam com uma vitória e por longa margem de gols. Entretanto, o time saiu pela culatra. Arthur Ferreira Tavares (hoje, médico na cidade de Patos e pai do secretário de Comunicações), era goleiro dos estudantes, fechou o gol e, lá na frente os seus companheiros conseguiram marcar 1 X 0, representou uma tristeza geral e tamanha decepção para a torcida que era acostumada a ver o timão ganhar de todo mundo e de muito. Luís Marinho recorda ainda, que o juiz daquele jogo foi o engenheiro Samuel Machado, que atuou de terno completo e chapéu de Palhinha.
Os Astros
Todo clube tem sempre os cobras, e no Sabugí, Luís Marinho também faz destaques: "Otacílio da Pitombeira foi o mais veloz atacante; homem de uma impetuosidade tal, que muitas vezes passava pela bola; Caetano Marinho, inesquecível, atuando como lateral; o ex-deputado Federal Jáder Medeiros, que foi o terceiro presidente do clube, construindo a muralha do Estádio, em alvenaria; Chico Soares, Tranquilo no domínio com o bolão de couro e finalmente Noberto Baracuy, um verdadeiro "cracão de bola na época", goleador emérito, sendo uma garantia total no ataque.
Foto do acervo de Rigoberto Bezerra
Mesma Dinâmica
Ao final das declarações, o sr. Luíz Marinho acrescentou: "O Sabugí Esporte Clube, é o único clube paraibano que desde a sua fundação vem representando o nome de Santa Luzia, sem interrupção, pois outros que surgiram primeiro, tiveram efémera passagem. Outros pretos de alma branca como Otacílio da Pitombeira, lá ainda existindo vestindo a camisa do mesmo time, dando glórias a torcida e perpetuando os nomes daqueles fundadores que já estão nos parames celestiais. O sucesso dos jovens de então em defesa do Sabugí Esporte Clube de Santa Luzia, representa muito bem o esforço daqueles da minha geração que tiveram a coragem de fincar a bandeira dos desportos em minha terra".
Fonte: Diário da Borborema (Campina Grande, 23 de agosto de 1973).
Texto: Francisco de Assis (Olé).
Fonte: Diário da Borborema (Campina Grande, 23 de agosto de 1973).
Texto: Francisco de Assis (Olé).
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