quinta-feira, 3 de maio de 2012

SABUGÍ ESPORTE CLUBE

Em Santa Luzia Está o Mais Antigo Clube da Paraíba

Treze, Campinense e botafogo são clubes tradicionais no "soccer esportivo tabajarino", mas é em Santa Luzia, que está o mais velho clube de todo Estado, alcançando agora, 50 anos de atividades esportivas, sem que tenha havido de lá pra cá, qualquer interrupção na sua gloriosa caminhada.

Fundado no dia 19 de abril de 1923 por um grupo de "rapazolas" que já se viam as serenatas como uma rotina, o Sabugí Esporte Clube venceu todas as dificuldades e ainda continua firme, representando condignamente o nome esportivo da "Veneza do Sertão", obtendo excelentes resultados nos jogos inter-estaduais. Muitos dos seus fundadores já se encontram em outras plagas, sendo alguns deles nomes de projeção, entre médicos, economistas, advogados e políticos.

Cópia de uma foto do ano de 1923 - ano da fundação

A História

O vereador Luís Marinho, possui ainda hoje, em sua residência, um verdadeiro arquivo sobre toda vida do clube sertanejo, e na conversa com o repórter, ele vai dissertando com riqueza de detalhes, a trajetória da agremiação, desde os primeiros passos. Na época, Luís Marinho foi escolhido como secretário, não hesitando em atender o convite formulado pelo primeiro presidente do clube, sr. Manoel Bianor de Freitas. Outros jovens vieram engrossar a fileira de idealistas pela implantação do esporte-rei na vizinha comuna, e já no mesmo ano, 11 jogadores se encontravam aptos a enfrentar qualquer dos bons times da região, haja-vista a aprovação durante os treinamentos.

A Estréia

Segundo o sr. Luís Marinho, a grande data na vida do clube, foi realmente naquele belo domingo 7 de setembro de 1923, data de estréia, e dia de vitória sobre o São Mamede Esporte Clube, pelo escore de 1 X 0. A cidade ficou em festa, os habitantes que não gostavam tanto de futebol aderiam a ideia e, então, a equipe empreendeu uma marcha vitória.

Gil Gonçalves, Manoel Medeiros, Solon Machado, Chico Graciano, Manoel Pequeno, Aderbal Vilar, Chico Soares, Moacir Medeiros, Manoel Bianor de Freitas, Manoel Benício e Noberto Baracuy, foram os participantes da jornada inicial, e na época tidos como heróis, não só pelo triunfo, mas em razão de fundarem a primeira agremiação local, que viria ser depois, a mais antiga do futebol paraibano.

Bons Feitos

Dentre façanhas obtidas pelo Sabugí Esporte Clube, até os idos de 1960, o sr. Luís Marinho, destaca as vitórias obtidas em Caicó e São José do Seridó (Rio Grande do Norte), inclusive vencendo por duas vezes o selecionado de Caicó; ganhando um rico troféu em disputa com um quadro da cidade de Patos, e por fim sendo campeão do certame organizado por equipes de São Mamede, Juazeirinho, Santa Luzia e Soledade. 

Foto do acervo de Guido Ferreira Araújo

Uma Decepção

Como no futebol nem só vitórias acontece para um lado, Luís Marinho, afirma que o Sabug Esporte Clube também teve duros revezes, citando a maior decepção para todo elenco, em 1936, quando era tido como o bicho papão. O cartaz do time era enorme. Veio então, uma caravana de estudantes universitários, sendo todos os componentes, filhos de Santa Luzia, mas cursando a Faculdade do Rio de Janeiro. Fizeram o desafio e o dia do cotejo foi determinado. Os atletas do Sabugí entraram em campo, e sob os aplausos da torcida já contavam com uma vitória e por longa margem de gols. Entretanto, o time saiu pela culatra. Arthur Ferreira Tavares (hoje, médico na cidade de Patos e pai do secretário de Comunicações), era goleiro dos estudantes, fechou o gol e, lá na frente os seus companheiros conseguiram marcar 1 X 0, representou uma tristeza geral e tamanha decepção para a torcida que era acostumada a ver o timão ganhar de todo mundo e de muito. Luís Marinho recorda ainda, que o juiz daquele jogo foi o engenheiro Samuel Machado, que atuou de terno completo e chapéu de Palhinha.

Os Astros

Todo clube tem sempre os cobras, e no Sabugí, Luís Marinho também faz destaques: "Otacílio da Pitombeira foi o mais veloz atacante; homem de uma impetuosidade tal, que muitas vezes passava pela bola; Caetano Marinho, inesquecível, atuando como lateral; o ex-deputado Federal Jáder Medeiros, que foi o terceiro presidente do clube, construindo a muralha do Estádio, em alvenaria; Chico Soares, Tranquilo no domínio com o bolão de couro e finalmente Noberto Baracuy, um verdadeiro "cracão de bola na época", goleador emérito, sendo uma garantia total no ataque.

Foto do acervo de Rigoberto Bezerra

Mesma Dinâmica

Ao final das declarações, o sr. Luíz Marinho acrescentou: "O Sabugí Esporte Clube, é o único clube paraibano que desde a sua fundação vem representando o nome de Santa Luzia, sem interrupção, pois outros que surgiram primeiro, tiveram efémera passagem. Outros pretos de alma branca como Otacílio da Pitombeira, lá ainda existindo vestindo a camisa do mesmo time, dando glórias a torcida e perpetuando os nomes daqueles fundadores que já estão nos parames celestiais. O sucesso dos jovens de então em defesa do Sabugí Esporte Clube de Santa Luzia, representa muito bem o esforço daqueles da minha geração que tiveram a coragem de fincar a bandeira dos desportos em minha terra".

Fonte: Diário da Borborema (Campina Grande, 23 de agosto de 1973).
Texto: Francisco de Assis (Olé).

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Rigoberto de Souza I

O Sabugy Esporte Clube do Mestre Rigoberto


A cidade estava toda lá.
Quase.
Dona Francisca não quis ir ver.
Jogo em 1948 na Paraíba era assim.
Vida ou morte.
Amor à camisa.
Vitória?
Feriado Nacional.
Pois com as distancias.
Sabugy era um país.
Derrota?
Tristeza infinita.
Destas que nem chuva no sertão resolve.
O campo de jogo era infinito.
Quente.
Latifúndios dos heróis da cidade.
Entre os tantos heróis daquele dia.
Um herói vinha de longe.
Um certo Rigoberto.
Depois das batalhas da Itália.
Esse jogo de vida e morte era batalha de menos.
Um Monte Castelo sertanejo.


Rigoberto de Souza, aos 90 anos

Escrito por Roberto Vieira.
Extraido de O Blog do Rigoberto (http://oblogdorigoberto.zip.net/)


quarta-feira, 11 de abril de 2012

Bilhetes para Zezé Meideiros

Bilhetes

Quando João Suassuna era Presidente do Estado da Paraíba (1924 - 1928), este enviou dois bilhetes (em datas diferentes) para José Joviano de Medeiros (Zezé Medeiros), que era Prefeito de Santa Luzia e farmacêutico pratico além de amigo pessoal.

Então depois do falecimento de Zezé Medeiros ter falecido, Mário Ferreira ficou de posse dos mesmo e caindo no esquecimento.

Primeiro Bilhete:


De Manhã, 11-8-928

Caro Zezé

               Dentro de poucos dias, passarei por ahi e como não sei se demoro, conforme a hora que ahi tiver, peço-lhe que prepare umas duas garrafas de remédio contra carrapato, da sua fórmula, para eu conduzir para a Malhada da Onça. Quero combater em principio nas rezes atacadas ou parasitadas inda que persista com esse neblineiro.

             Agradecimentos do amigo,

J. Suassuna


Segundo Bilhete:


Zezé,

        O chauffeur Severino vai à Catolé com minha ordem, caso precise de algum combustível forneça.

        Do amigo,

J. Suassuna


José Joviano de Medeiros (Zezé Medeiros)



Acervo particular de Mário Ferreira de Medeiros

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Marcas da Ditadura

A falsa Certidão de Óbito de
José Maria Ferreira Araújo


A certidão de óbito de José Maria Ferreira de Araújo foi assinada pelo médico Sérgio Belmiro Acquesta, personagem típico de um país à sombra do arbítrio.


Paulistano de ascendência italiana, formado em medicina pela primeira turma do campus de Sorocaba da PUC/SP em 1956. Acquesta ingressou no departamento médico da Villares nos anos 60. Permaneceu até o início da década de 90. No mesmo período fez carreira como legista no Instituto Médico-Legal de São Paulo.

Nos plantões do IML, atuava nas necropsias de presos políticos em companhia de outros colegas citados no relatório do projeto Brasil Nunca Mais, levantamento coordenado pela Arquidiocese de São Paulo sobre a tortura praticada na ditadura.

No laudo de José Maria Ferreira Araújo, codinome Edson Cabral Sardinha, consta que o mesmo faleceu ao dar entrada na Delegacia Distrital, em decorrência de um mal súbito,  quando foi preso pela Operação Bandeirantes.


Cópia do Laudo Médico da causa morte de José Maria, assinado pelo Dr. Acquesta.



Postado por Francisco Roberto Ferreira.
Fonte: Revista Época (10 de março de 2003, p. 64)

sábado, 17 de março de 2012

Segunda Expedição ao Pico do Yayu

Expedição Carmita Ferreira


No dia 16 do andante(1), os Srs. Antônio Cesarino da Nóbrega, Valder de Souza, José Morais, Francisco Fernandes, Hipolito Medeiros, Ademar Medeiros, Jeová Batista, Roberval Elizeu, Homero Vilar, Francisco Antônio da Nóbrega, Mário Ferreira de Medeiros, Pedro Benício, Francisco de Assis Pereira, Cícero Aprigio, Olavo Agripino, Luiz dos Santos Oliveira, Francisco Raimundo de Medeiros, Antônio Matias dos Santos e D. Carmita Ferreira, escalaram o Yayu, monolito com 400 metros de altura, situado neste município de Santa Luzia(2) e que foi escalado pela primeira vez, em fins de 1918, por caravana chefiada pelo desembargador José Flóscolo da Nóbrega ao tempo acadêmico de direito. Do ponto Mais alto, foram avistadas, através de binoculos, as cidades de Santa Luzia, São Mamede e Patos.

Mário Ferreira assina a lista de presença.

No Pico do Yayu, encontraram os excursionistas molucos que já haviam sido encontrados pelo Dr. José Flóscolo da Nóbrega, deixando ali, no ponto mais alto, uma bandeira com as cores branca e azul. Cores da bandeira do Yayu Club, desta cidade.

Carmita Ferreira

Dona Carmita Ferreira foi a primeira mulher a subir ao Yayu, razão porque, a expedição tomou o nome de "Expedição Carmita Ferreira".

Notas:
(1) Essa expedição foi realizada na década de 50, no entanto não lembro o ano exato.

(2) Atualmente o pico do Yayu está localizado no munícipio de São Mamede, mas que antes era distrito de Santa Luzia.

Fonte: Acervo particular de Mário Ferreira de Medeiros.

terça-feira, 13 de março de 2012

O PICO DO YAYU

Significado da palavra Yayu


Foto do Pico do Yayu visto do Monte de São Sebastião - Santa Luzia - PB

Em Santa Luzia há um morro isolado, que tem o nome de Yayu, nome esse perdido na origem dos tempos.
Há, por outro lado, uma lenda que diz ter sido uma mulher indígena que pronunciou as duas sílabas no instante da morte.
Essa mulher, deixando-se ficar no que pensava ser sua fortaleza, após o banho de sangue que Teodósio de Oliveira Ledo deu ao seu povo, empurrando-o sertão a dentro, é algo fascinante.
Posso senti-la, no horror de sua solidão, olhando estrelas ou curtindo os meses de verão, no abrigo de uma choça rústica, descendo, protegida pela escuridão da noite, à procura de comida, à procura de água, até que os brancos a pressentiram e a emboscaram e lançaram contra seu frágil corpo de mulher vaqueiros equipados pra romper juremais - fala-se que Yayu significa, textualmente, morro espinhento ou morro parecido com espicho, que seu formato sugere - e cães de caça, queilo era um animal predatório a ser caçado.
Subindo o morro, perseguida, seu coração solitário arrebentou e, caída, já na presença de seus perseguidores, apontou para o pico do morro e exclamou: "Yayu". E morreu.

ALI, DEUS.
Bom. Não sei se há tradução, realmente, para as sílabas pronunciadas por uma mulher anônima, sua morte seria indiferente à História não as houvesse pronunciado.
Mas é muita coincidência em línguas antigas, Sânscrito ou outras línguas mortas, que Ya seja um advérbio que significa ali, lá; e Yu, "O Ser Supremo" ou a "mãe de todas as coisas que veio do não ser", ou, ainda, o Ser Eterno dos taoístas, também traduzido por Mistérios. Em última análise, Deus. Ali, Deus - seria a tradução, complementada pelo braço estendido da mulher, apontando o pico do morro, muito alem do lugar onde caiu para morrer, acima do qual só existia o céu azul, salpicado de nuvens brancas.
Aquela mulher ao se deixar ficar, sozinha, no morro desolado, talvez estivesse a procura do Mistério, do Yu. Talvez. Dentro dela havia perguntas que não tinha como responder: Por que a destruição de gente, aquele holocausto, por que aquilo tudo? Ali, Deus. Talvez o que tinha vontade de dizer àqueles bárbaros brancos que destruiram sua gente, impiedosamente: ali, Deus.
Ou talvez fosse a resposta que procurava aos seus próprios anseios, só encontrada na hora derradeira: ali, Deus.

Texto original


Texto e foto - acervo de Mário Ferreira de Medeiros.

sábado, 3 de março de 2012

SANTA LUZIA DO QUIPAUÁ

Vale do Sabugy - uma fraude orográfica


Antigamente, quando o território do município de Santa Luzia englobava os atuais municípios de São Mamede, Várzea, São José do Sabugy e Junco do Seridó, fazia sentido fazer uma referência ao Rio Sabugy, seu pretenso maior curso d'água.

O equívoco, provavelmente, provem do fato de um antigo mapa do IFOCS, de 1913. Elaborado por alguns ingleses, mostrava o Rio Quipauá como afluente do Rio Sabugy.

Atualmente, verificando mapas do modelo de elevação topográfica, gerado a partir de topografia digital SRTM - Shuttle Radar Topography Mission, um programa americano que mapeou a Terra em detalhes (nessa versão, com resolução de terreno de 90 X 90), no ano de 2005, constata-se que os dois rios não se tocam.


Mapa 1


Mapa 2

O Quipauá tem sua origem na confluência dos rios Chafariz, do Saco e Riacho do Fogo, aproximadamente onde foi construído o açude José Américo (Açude Novo), seguindo ao norte passando em Ouro Branco - já no Rio Grande do Norte - e desembocando no Rio Seridó, pela barra Nova, no município de Caicó, onde serve o açude Itans.

Já o Sabugy nasce na Borborema, no território de São Mamede, segue por Ipueiras, São João do Sabugy e desemboca no Seridó muito a jusante do Açude Itans, perto de São Fernando, já a procura do Rio Piranhas.

Mapa 3

Tabela de cores de acordo com a topografia do terreno.

Os tons vermelhos variam em torno de 900 - 800m de altitude (na região do Pinga e adjacências, por exemplo).

Os tons azulados variam entre 300 e 250m de altitude.

No Mapa 1, ver-se a serra do Teixeira, cuja altitude máxima é de 1198m (Pico do Jabre).




João Marinho de Morais Neto (geólogo)

Mário Ferreira de Medeiros (engenheiro agrimensor)

José Mário Ferreira (engenheiro civil)

Carmélio Reynaldo Ferreira (jornalista)

Francisco Roberto Ferreira (geógrafo)