sábado, 25 de setembro de 2010

TRADIÇÕES RURALISTAS

TRADIÇÕES RURALISTAS


MARCAS DE GADO, EXPERIÊNCIAS, CLIMA E OUTRAS HISTÓRIAS


É tradição legar a marca de gado aos descentes que recebem o mesmo nome do patriarca. O caso se repete na família Ferreira Tavares, já atingindo a quarta geração. À esquerda, José Ferreira Tavares (foto abaixo), primeiro da família no Brasil, que veio de Açores por volta de 1872. A marca que ele criou em 1886, ano da sua chegada ao Cariri paraibano, foi adotada por seu primeiro filho a nascer na Paraíba - José Ferreira Tavares Jr. Hoje é usada por um neto e pelo bisneto José Ferreira Tavares, filho do autor.



José Ferreira Tavares, José Ferreira Tavares Jr e José Ferreira Tavares (bisneto)



Aderaldo Ferreira



Aderaldo Ferreira é geólogo formado na UFPE, em 1962. Dedicou-se à Geologia Econômica, disciplina que lecionou no curso de Engenharia de Minas da UFPB (Campus II - Campina Grande), durante 15 anos. especializou-se em Gemologia na UFMG, fundou o Centro Gemológico do Nordeste, em Campina Grande, e foi coordenador até 1992, quando se aposentou.

Trabalhou na Sudene, ajudando a mapear o Nordeste, tendo elaborado, juntamente com seu colega de turma José do Patrocínio, a "Carta Geológica da Província Sheelitífera da Borborema", um marco na geologia regional. Naquela Superitendência trabalhou 15 anos, compondo mapas, fazendo pesquisas minerais, tendo chefiado uma cooperação internacional com a Missão Geológica alemã, entre 1969 e 1971.

Convidado pelo então reitor Lynaldo Cavalcante, integrou-se à UFPB, coordenando a criação do curso de Engenharia de Minas e iniciando ações no Nordeste para desenvolver o setor de gemas.

Durante os 35 anos que trabalhou para o governo em geologia, mineração e gemologia, publicou trabalhos técnicos e elaborou mapas geológicos.

Sempre foi ligado ao campo - pelo lado da mineração, por opção e vocação, pelo lado da pecuária, por tradição e amor. Nunca abandonou suas origens. Por conta dessa união atávica é que se aventurou a escrever "Tradições Ruralistas", abordando temas diversos, todos ligados ao campo, como a Heráldica Ruralista com seus sistemas de marcação de animais; as "experiências" para prever invernos; o complexo clima seco da região Nordeste, seu regime de chuvas, suas opções de água; e, finalizando, algumas estórias ligadas às temíveis estiagens que penalizaram o nosso povo, todas conservando aquela veracidade própria de um tempo que já passou, mas, com toda certeza, resguardando uma marcante realidade.
Impresso pela Editora Universitária - UFPB, em 1999.


domingo, 19 de setembro de 2010

GRAND CIRCO MANGAI OU MAGIA DO MANGAI


Um ambiente onde não tem espectadores e todos são "artistas". Ao penetrar naquele ambiente exótico, com iluminação fraca, à meia luz, sem no entanto impedir que você veja tudo ao seu redor, uma decoração peculiar nos transporta às caatingas do nosso sertão.

Um eterno zum zum, ruído provocado pelos que entram, pelos que saem ou pelos que saboreiam as delicias advindas daquela mesa repleta de guloseimas, local onde recebemos os fluídos encantados do deus da Gastronomia e nos transportamos.

Somos apenas mais uma, dentre de todas aquelas figuras que compõem o ambiente. É magia? É uma força enviada pelos seres espirituais? Não sei! Para entramos naquele ambiente recebemos um bilhete (cartão) que será nosso amuleto, passe para tudo que irá se desenrolar.

Mangai - Preta do cafezinho

Ao passamos por aquela preta simpática sempre a sorrir, ela nos impregna do misterioso fluído. O ambiente exótico, a iluminação sob palha, o zum zum, as pessoas vestidas a caráter, mocinhas sorridentes vestidas de Maria Bonita com a característica roupa cáqui e rapazes à la Lampião, vestidos com Zuartes, até David, o anão - um simpático garçom (que não teve tempo de crescer) - e o que é mais importante, a variada e saborosa comida. Tudo isso exerce uma influência no seu "eu", e quando deveríamos ser mais um expectador, passamos também a compor aquele "todo" e ser mais um personagem do espetáculo.

Então começa o show. Mas onde está o palhaço? Por mais que você o procure não vai encontrá-lo. Espera-se que ele apareça durante o espetáculo.

Apesar de toda exigência em relação ou como nós servimos, não reparamos que estamos sentados em uma cadeira de madeira rústica, com um acento de palha. Numa mesa mais rústica e sem toalha (onde naturalmente enxergamos uma toalha de linho bordada), Os copos onde seu suco é servido parecem replicas daqueles de 200 anos atrás.

Nada desaprova o misticismo do ambiente, e o espetáculo continua. Nos levantamos acompanhados dos nossos e nos dirigimos para a mesa dos mistérios. Quanta comida, quantas delicias, aí percebemos que não temos como saborear nem um quarto do que ali existe.

Como sair desse impasse? Encha o prato com tudo que puder, e volte a sua mesa rústica e se empanturre tentando saborear de tudo que você colheu.

Todos estão hipnotizados. A força do ambiente prevaleceu sobre todos e o espetáculo continua. Não tem estomago que suporte tanto. Você comendo e fazendo o "espetáculo". O tempo passa e ninguém repara. Finalmente quando o misticismo diminui, nos lembramos que tem uma vida lá fora e é preciso sair. Mesmo assim, ainda há muita relutância.

Levantamos e nos agrupamos próximo ao caixa, descontraidamente. Parece não querermos deixar aquele ambiente místico. Recebemos o bilhete que deveria ser o de entrada - como em todo circo - o qual nos dará liberdade de sairmos: A entrada é franca, mas na saída tem de pagar. E a preta simpática logo ali na sua frente, sempre sorrindo. Será que ela é feliz? Ou está rindo de você? Não, ela é simcera e nos deseja o bem e nos felicita e participa de nossa satisfação por termos saboreado tantos quitutes gostosos.

Saímos, e lá na calçada ainda, não estamos de todo liberto: Nova reunião, novo bate papo e então, percebemos que existe outro mundo, o mundo real. Todos nos despedimos e voltamos à vida.

Autor: Mário Ferreira de Medeiros (17/09/2010)

Foto: Francisco Roberto Ferreira

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

NOVENTA E DOIS ANOS

Mário Ferreira com 3 anos.


São decorridos 92 longos anos, desde que abri os olhos para a vida. Não sei se isso é privilegio, não sei se é castigo. Muitas coisas boas vislumbrei, também vi muitas coisas ruins. Logo cedo perdi minha mãe.

Nunca fui bonzinho também nunca fui mal individuo. Na juventude, pratiquei de tudo de bom e de mal.

"Adiantando" - De uma coisa posso me orgulhar, e doar como legado para meus filhos, sempre procurei viver com dignidade, uma vida sem pompas, sem glorias, mas digna e honrada. Sou aquele ser anónimo que viveu uma vida com respeito e sempre a procura de aperfeiçoamento. - Fui Rosacruciano, fui Rotariano. Por 14 anos frequentei o Rotary, período bom, onde fiz grandes amizades. Meu clube é extinto. Mas de coração ainda sou Rotariano.

Na mocidade não fui uma pessoa que se possa chamar de bom, também não era mal, apenas as vivicitudes me obrigavam a ser um indivíduo irracivel, as vezes ignorante, as vezes bruto. Passei por muitas fazes adversas.

De principio um menino que tinha gana de viver e por isso praticava atos que não condiziam - com 6 anos de idade fui expulso da escola - com o meio onde vivi - Minha Santa Luzia, a casa do meu pai, meus irmãos, meu querido açude velho - onde hoje penso, fui criado por ele ou nele? era onde eu me sentia bem, era onde eu extravasava a minha cede de vida.

Como disse o tipo de vida que eu enxergava não era condizente. E por isso preocupava as pessoas. Até que meu pai encontrou uma saída, me levam para o Colégio Militar do Ceara - hoje meu querido colégio - de lá, uma total transformação. Desaparece o jovem levado, nasce uma nova criatura - quase uma aberração - tímido, só não covarde. Apenas vivi a vida em Fortaleza, a timidez suplantou tudo.

Leio, leio muito todo tipo de literatura, porém não sou bom de livros didáticos, assisto as aulas com toda atenção, que eu lembre muitas poucas vezes abri um livro para estudar.

Atravesso o período militar, tenho o espírito de um militar, só sei viver debaixo de disciplina e de repente sou jogado em um mundo completamente diferente daquele que sei viver, foi muito difícil.

Não consigo me adaptar, deixo os estudos, um grande desgosto ao meu pai, vou trabalhar, gosto do trabalho e recomeço uma nova vida.

Vem a 2° grande guerra, sou convocado, volto para aquela vida que sei viver, apenas dois anos e sou novamente jogado no mundo estranho. Difícil a adaptação, apenas o trabalho.

E assim, por cima de paus e pedras, sendo censurado, sem ser compreendido é quando acontece a entrada de Alziva em minha vida. Surgio o carinho, mas mesmo assim, ainda vai demorar para o Mário chegar a onde deve. Vêm os filhos, vou amadurecendo e hoje graças a misericordia de Deus, sou um ser feliz, que amo e tenho certeza sou amado.

Por isso, apesar das saudades dos entes queridos, que já estão na presença de Deus, sou um ser que vive a vida de idoso, sem vislumbres do amanhã, mas com saúde e a graça de sentir a Deus e saber que sou respeitado e amado pelos meus.

E afinal? esses 92 anos são uma graça, ou uma punição?



João Pessoa, 15 de Setembro de 2010.

Mário Ferreira de Medeiros

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

CURIOSIDADES - VOCÊ SABIA?

Este ano de 2010, tivemos no mês de Agosto 5 domingos, 5 segundas e 5 terças. Isto, somente acontece a cada 823 anos.
Segundo a cultura chinesa do Feng Shui, aquele que conta tal fato nos primeiros dias do mês de Setembro atrairá muito dinheiro. Então conte a todos.
Colaboração: Regina Porto

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

A Cabra Cheirosa

Cabra Cheirosa
Uma aparição que botou muito cabra macho pra correr. Nunca ninguém a descreveu direito: uns diziam ter o formato de uma cabra e avançar pra cima da pessoa, outros afirmavam ter o formato mesmo de uma mulher, era cheirosa e fugia das pessoas. É uma assombração criada por quem tem amores proibidos, mulheres adúlteras que não podem e nem devem aparecer, e que por isso criam uma figura para espantar os curiosos e ficar com o campo livre para suas aventuras. O certo é que circulou por um bom tempo, provocando a uns, medo, a outros, curiosidades a respeito da suposta senhora casada que, com amores fora do lar, para ter campo livre, se disfarçava de animal.
Ernani certa vez me afirmou que, com Jeová e belezinha, por muitas noites procurou chegar perto da assombração, mas ela era tão esquisita que o máximo que conseguiram foi sentir o perfume que usava.


Mário Ferreira de Medeiros - Almanaque do Quipauá (Setembro 2008)
Ilustração: Francisco Roberto Ferreira