sábado, 17 de março de 2012

Segunda Expedição ao Pico do Yayu

Expedição Carmita Ferreira


No dia 16 do andante(1), os Srs. Antônio Cesarino da Nóbrega, Valder de Souza, José Morais, Francisco Fernandes, Hipolito Medeiros, Ademar Medeiros, Jeová Batista, Roberval Elizeu, Homero Vilar, Francisco Antônio da Nóbrega, Mário Ferreira de Medeiros, Pedro Benício, Francisco de Assis Pereira, Cícero Aprigio, Olavo Agripino, Luiz dos Santos Oliveira, Francisco Raimundo de Medeiros, Antônio Matias dos Santos e D. Carmita Ferreira, escalaram o Yayu, monolito com 400 metros de altura, situado neste município de Santa Luzia(2) e que foi escalado pela primeira vez, em fins de 1918, por caravana chefiada pelo desembargador José Flóscolo da Nóbrega ao tempo acadêmico de direito. Do ponto Mais alto, foram avistadas, através de binoculos, as cidades de Santa Luzia, São Mamede e Patos.

Mário Ferreira assina a lista de presença.

No Pico do Yayu, encontraram os excursionistas molucos que já haviam sido encontrados pelo Dr. José Flóscolo da Nóbrega, deixando ali, no ponto mais alto, uma bandeira com as cores branca e azul. Cores da bandeira do Yayu Club, desta cidade.

Carmita Ferreira

Dona Carmita Ferreira foi a primeira mulher a subir ao Yayu, razão porque, a expedição tomou o nome de "Expedição Carmita Ferreira".

Notas:
(1) Essa expedição foi realizada na década de 50, no entanto não lembro o ano exato.

(2) Atualmente o pico do Yayu está localizado no munícipio de São Mamede, mas que antes era distrito de Santa Luzia.

Fonte: Acervo particular de Mário Ferreira de Medeiros.

terça-feira, 13 de março de 2012

O PICO DO YAYU

Significado da palavra Yayu


Foto do Pico do Yayu visto do Monte de São Sebastião - Santa Luzia - PB

Em Santa Luzia há um morro isolado, que tem o nome de Yayu, nome esse perdido na origem dos tempos.
Há, por outro lado, uma lenda que diz ter sido uma mulher indígena que pronunciou as duas sílabas no instante da morte.
Essa mulher, deixando-se ficar no que pensava ser sua fortaleza, após o banho de sangue que Teodósio de Oliveira Ledo deu ao seu povo, empurrando-o sertão a dentro, é algo fascinante.
Posso senti-la, no horror de sua solidão, olhando estrelas ou curtindo os meses de verão, no abrigo de uma choça rústica, descendo, protegida pela escuridão da noite, à procura de comida, à procura de água, até que os brancos a pressentiram e a emboscaram e lançaram contra seu frágil corpo de mulher vaqueiros equipados pra romper juremais - fala-se que Yayu significa, textualmente, morro espinhento ou morro parecido com espicho, que seu formato sugere - e cães de caça, queilo era um animal predatório a ser caçado.
Subindo o morro, perseguida, seu coração solitário arrebentou e, caída, já na presença de seus perseguidores, apontou para o pico do morro e exclamou: "Yayu". E morreu.

ALI, DEUS.
Bom. Não sei se há tradução, realmente, para as sílabas pronunciadas por uma mulher anônima, sua morte seria indiferente à História não as houvesse pronunciado.
Mas é muita coincidência em línguas antigas, Sânscrito ou outras línguas mortas, que Ya seja um advérbio que significa ali, lá; e Yu, "O Ser Supremo" ou a "mãe de todas as coisas que veio do não ser", ou, ainda, o Ser Eterno dos taoístas, também traduzido por Mistérios. Em última análise, Deus. Ali, Deus - seria a tradução, complementada pelo braço estendido da mulher, apontando o pico do morro, muito alem do lugar onde caiu para morrer, acima do qual só existia o céu azul, salpicado de nuvens brancas.
Aquela mulher ao se deixar ficar, sozinha, no morro desolado, talvez estivesse a procura do Mistério, do Yu. Talvez. Dentro dela havia perguntas que não tinha como responder: Por que a destruição de gente, aquele holocausto, por que aquilo tudo? Ali, Deus. Talvez o que tinha vontade de dizer àqueles bárbaros brancos que destruiram sua gente, impiedosamente: ali, Deus.
Ou talvez fosse a resposta que procurava aos seus próprios anseios, só encontrada na hora derradeira: ali, Deus.

Texto original


Texto e foto - acervo de Mário Ferreira de Medeiros.

sábado, 3 de março de 2012

SANTA LUZIA DO QUIPAUÁ

Vale do Sabugy - uma fraude orográfica


Antigamente, quando o território do município de Santa Luzia englobava os atuais municípios de São Mamede, Várzea, São José do Sabugy e Junco do Seridó, fazia sentido fazer uma referência ao Rio Sabugy, seu pretenso maior curso d'água.

O equívoco, provavelmente, provem do fato de um antigo mapa do IFOCS, de 1913. Elaborado por alguns ingleses, mostrava o Rio Quipauá como afluente do Rio Sabugy.

Atualmente, verificando mapas do modelo de elevação topográfica, gerado a partir de topografia digital SRTM - Shuttle Radar Topography Mission, um programa americano que mapeou a Terra em detalhes (nessa versão, com resolução de terreno de 90 X 90), no ano de 2005, constata-se que os dois rios não se tocam.


Mapa 1


Mapa 2

O Quipauá tem sua origem na confluência dos rios Chafariz, do Saco e Riacho do Fogo, aproximadamente onde foi construído o açude José Américo (Açude Novo), seguindo ao norte passando em Ouro Branco - já no Rio Grande do Norte - e desembocando no Rio Seridó, pela barra Nova, no município de Caicó, onde serve o açude Itans.

Já o Sabugy nasce na Borborema, no território de São Mamede, segue por Ipueiras, São João do Sabugy e desemboca no Seridó muito a jusante do Açude Itans, perto de São Fernando, já a procura do Rio Piranhas.

Mapa 3

Tabela de cores de acordo com a topografia do terreno.

Os tons vermelhos variam em torno de 900 - 800m de altitude (na região do Pinga e adjacências, por exemplo).

Os tons azulados variam entre 300 e 250m de altitude.

No Mapa 1, ver-se a serra do Teixeira, cuja altitude máxima é de 1198m (Pico do Jabre).




João Marinho de Morais Neto (geólogo)

Mário Ferreira de Medeiros (engenheiro agrimensor)

José Mário Ferreira (engenheiro civil)

Carmélio Reynaldo Ferreira (jornalista)

Francisco Roberto Ferreira (geógrafo)