quarta-feira, 15 de setembro de 2010

NOVENTA E DOIS ANOS

Mário Ferreira com 3 anos.


São decorridos 92 longos anos, desde que abri os olhos para a vida. Não sei se isso é privilegio, não sei se é castigo. Muitas coisas boas vislumbrei, também vi muitas coisas ruins. Logo cedo perdi minha mãe.

Nunca fui bonzinho também nunca fui mal individuo. Na juventude, pratiquei de tudo de bom e de mal.

"Adiantando" - De uma coisa posso me orgulhar, e doar como legado para meus filhos, sempre procurei viver com dignidade, uma vida sem pompas, sem glorias, mas digna e honrada. Sou aquele ser anónimo que viveu uma vida com respeito e sempre a procura de aperfeiçoamento. - Fui Rosacruciano, fui Rotariano. Por 14 anos frequentei o Rotary, período bom, onde fiz grandes amizades. Meu clube é extinto. Mas de coração ainda sou Rotariano.

Na mocidade não fui uma pessoa que se possa chamar de bom, também não era mal, apenas as vivicitudes me obrigavam a ser um indivíduo irracivel, as vezes ignorante, as vezes bruto. Passei por muitas fazes adversas.

De principio um menino que tinha gana de viver e por isso praticava atos que não condiziam - com 6 anos de idade fui expulso da escola - com o meio onde vivi - Minha Santa Luzia, a casa do meu pai, meus irmãos, meu querido açude velho - onde hoje penso, fui criado por ele ou nele? era onde eu me sentia bem, era onde eu extravasava a minha cede de vida.

Como disse o tipo de vida que eu enxergava não era condizente. E por isso preocupava as pessoas. Até que meu pai encontrou uma saída, me levam para o Colégio Militar do Ceara - hoje meu querido colégio - de lá, uma total transformação. Desaparece o jovem levado, nasce uma nova criatura - quase uma aberração - tímido, só não covarde. Apenas vivi a vida em Fortaleza, a timidez suplantou tudo.

Leio, leio muito todo tipo de literatura, porém não sou bom de livros didáticos, assisto as aulas com toda atenção, que eu lembre muitas poucas vezes abri um livro para estudar.

Atravesso o período militar, tenho o espírito de um militar, só sei viver debaixo de disciplina e de repente sou jogado em um mundo completamente diferente daquele que sei viver, foi muito difícil.

Não consigo me adaptar, deixo os estudos, um grande desgosto ao meu pai, vou trabalhar, gosto do trabalho e recomeço uma nova vida.

Vem a 2° grande guerra, sou convocado, volto para aquela vida que sei viver, apenas dois anos e sou novamente jogado no mundo estranho. Difícil a adaptação, apenas o trabalho.

E assim, por cima de paus e pedras, sendo censurado, sem ser compreendido é quando acontece a entrada de Alziva em minha vida. Surgio o carinho, mas mesmo assim, ainda vai demorar para o Mário chegar a onde deve. Vêm os filhos, vou amadurecendo e hoje graças a misericordia de Deus, sou um ser feliz, que amo e tenho certeza sou amado.

Por isso, apesar das saudades dos entes queridos, que já estão na presença de Deus, sou um ser que vive a vida de idoso, sem vislumbres do amanhã, mas com saúde e a graça de sentir a Deus e saber que sou respeitado e amado pelos meus.

E afinal? esses 92 anos são uma graça, ou uma punição?



João Pessoa, 15 de Setembro de 2010.

Mário Ferreira de Medeiros

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