O Museu de Santa Luzia abriga importantes peças históricas, é formado por um riquíssimo acervo cultural. Foi criado oficialmente no dia 24 de novembro de 1971 pela Prefeitura Municipal, com o objetivo da preservação das obras de artes do município e resgatar o Patrimônio Histórico, Artístico, Cultural e Ecológico da cidade.
Jeová Batista de Azevedo foi um dos fundadores do museu de Santa Luzia, que com muito zelo e estima conseguiu formar um acervo estimado em mais oito mil peças encontradas na região do Seridó e demais circunvizinhas.
Em 1974, a coordenação estadual do MOBRAL/PB inaugurou seu posto em Santa Luzia e, entre os programas implantados, o que mais sensibilizou a comunidade, sem dúvida, foi aquele voltado para o patrimônio histórico e artístico.
Decorrente da importância do museu na vida do município surgiu à idéia do professor Renault Vieira de Souza de criar a Fundação Museu Comunitário de Santa Luzia, sociedade civil sem fins lucrativos, como instituição mantedora do museu e da biblioteca, constituída em 1984, voltada principalmente para a arte e a cultura. Pesquisa e história regional, tendo Jeová como Diretor Cultural.
No seu acervo consta uma pedra com a pegada de dinossauro proveniente do Vale dos dinossauros localizado no município de Souza. Há também machados de pedras (possivelmente da era da pedra polida), também conhecidos como pedras de corisco ou machado indígena, louçaria européia e armas de jagunços.
Outras peças importantes destacam-se no acervo os vários instrumentos musicais como um bonito violino da marca "Gianini", com selo "Stradivarius". Foi fabricado em madeira nacional, o Salgueiro, e seu arco também é de matéria brasileira, a Peroba. Esse violino pertenceu ao fazendeiro Manoel Abel.
Outro instrumento de grande valor é um alaúde, de mais de 100 anos, de origem napolitana, doado ao museu por Dona Luzia Araújo. Esse instrumento foi de grande sucesso em fins da Idade Média. No alaúde lê-se a inscrição: "Arilletti Umberto - Nápoles.
Um clarinete, também com mais de 100 anos, que pertenceu a Nestor Tavares Nóbrega, fabricado em Ébano, de marca francesa. Uma flauta, que pertenceu a Iracema Araújo, fabricada em Paris, também com mais de um século. Flauta Transversal, de Joaquim Machado da Nóbrega, "Seu Joca", fabricado em Craviuna, pelo seu proprietário.
Um bombardino, aparentando ser muito antigo, estranhamente muito austero, de um dourado puxado ao vermelho com uma amassadura em sua campana. Segundo Jeová, esse instrumento pertenceu ao maestro Ezequiel Fernandes, uma figura lendária e muito querida na cidade. Quando Antônio Silvino invadiu Santa Luzia, foi a sede da filarmônica e ordenou a depredação dos instrumentos. O instrumento foi amassado em violentos golpes contra o solo, mas posteriormente passou por um trabalho de recuperação, embora permaneçam as marcas da violência.
Muitos outros objetos são encontrados no museu. Como um elegante tinteiro , de um refinado vidro esverdeado, com arabescos em baixo relevo folheados a ouro. Foi doado por Brasília Medeiros. Contava Dona Dalila, sua mãe, que o tinteiro foi trazido por seus avós quando chegaram da Europa para Olinda há muito tempo atrás. Tinham eles um pequeno animal de estimação, um inteligente macaco que certo dia desapareceu da Casa Grande. Tempos depois o macaco reapareceu. Trazia consigo, guardado com muito ciúme, o belo tinteiro verde, com filetes dourados.
O visitante do Museu de Santa Luzia tem para apreciação um acervo diversificado e bem organizado estruturalmente dividido em coleções. A de "Arte Sacra", tais como pia batismal, imagens, sinos e objetos litúrgicos. À coleção "Armaria", formada por armas brancas, espingardas, garruchas, "Munições", com peças utilizadas na Revolução de 1930. "Numismática", formada por moedas de diversos períodos: colonial, do Império (Primeiro e Segundo Reinado), da República - a moeda mais antiga data de 1715.
A coleção "Material Lítico", composta por minérios extraídos na região por garimpeiros e pesquisadores: berilo, turmalinas, mica, perita, amianto, colombita, quartzo, etc. "Arte Indígena", arcos, flechas, lanças, etc. "Máquinas de Costura", diversas épocas. "Instrumentos Musicais": formada por instrumentos antigos que pertenceram aos membros da Banda Musical 23 de Maio, de Santa Luzia, fundada em 1874.
"Apetrechos": objetos de indumentárias, bolsas, sapatos, carteiras, cintos, fivelas, etc. "Cerâmica": material proveniente de demolições de casas antigas da cidade e, também, de cerâmica, utilitária e de adorno produzidas na região. A coleção "Mobiliário", com peças de períodos diversos que remontam à criação do Município. "Documentos": certidões, textos referentes a história do Município. "Iconografia": fotos, retratos de figuras, prédios, fatos da cidade e do Estado. "Diversos": constituída por variadas peças como discos, ferramentas, lamparinas, etc.
Tudo bem explicado, assim, deixa a impressão de que Santa Luzia conta com um Museu ao estilo das cidades barrocas mineiras, assistidas pela Funarte e outras fundações que cuidam da memória nacional. Na verdade, a singela cidade sertaneja, cercada de água por todos lados, conta apenas com a forma real-mágica de encarar a vida, do marcante personagem Jeová Batista, o seu Museu Municipal.
O Museu é dividido em 16 sessões, o que faz com que os assuntos se misturem, já que conta apenas com oito salas. O prédio pertencia ao antigo Posto de Saúde, e não passou por nenhuma adaptação para o funcionamento de um museu. Não há a mínima condição de segurança, não só contra roubos, também contra agentes naturais.
E pelas palavras do museólogo Jeová Batista: "Talvez o nosso acervo, tudo junto, não valha, em moeda corrente, o preço de um milhão. Mas aqui está viva, toda a História de uma cidade, que não é tão antiga quanto Roma, mas que já não é tão nova, como Brasília, por exemplo. E é para isso que estamos trabalhando para preservar a memória do homem da terra".
O Museu hoje se chama Museu Jeová Batista, em homenagem, àquele que muitos anos cuidou das peças e do acervo do museu por muitos anos.
Fonte:
Jornal A UNIÃO (João Pessoa, 27 de maio de 1984).
Reportagem: Armando Marinho.
Fotos: Ernani de Souza (Jeová) e Francisco Roberto (machado de pedra).
Redação Final: Francisco Roberto
Gostei da pesquisa.Achei uma pedra identica a essa,porem não sei identifica-la.Gostaria muito saber a respeito ate mesmo como enviar a imagem da pedra para melhor analise.
ResponderExcluirGostei da pesquisa.Achei uma pedra identica a essa,porem não sei identifica-la.Gostaria muito saber a respeito ate mesmo como enviar a imagem da pedra para melhor analise.
ResponderExcluirRosana Silva, provavelmente deve ser um machado de índio, mas para idenficar corretamente mande uma foto pelo meu e-mail (marioferreira5689@gmail.com)
ResponderExcluirGostei
ResponderExcluir