Chiqueiro da Onça
Chiqueiro da Onça
Ele contou-me que na época era vigário da freguesia de Santa Luzia, o reverendo padre Joaquim Alves Machado e que ele criava um cachorro bem bonito, grande e de muita estimação. Certa vez, o padre tendo sido sabedor das aventuras de Sebastião Abel, mandou pedir ao mesmo que quando pegasse uma onça, mandasse avisá-lo que ele queria conhecer a fera. E assim, se fez.
Certa Madrugada seguiu o padre numa comitiva de uns cinco cavaleiros e um portador - portador é aquele serviçal que quase sempre acompanha a comitiva de pé - isto nos tempos de antanho - ele levava pela corda o cachorro. Chegaram ao local no pé da serra, o sol acabava de nascer, apearam, amarraram os animais e pela vereda feita pelo caçador, subiram até o local do alçapão.
Todos olham e admiram o belo exemplar de onça, que já muito está nervosa pelo tempo que está aprisionada. Aí o padre diz: vou botar Tubarão na frente da fera, quero ver a coragem dele. Tubarão, era o nome do cachorro, tinha no pescoço uma coleira larga onde era presa uma corda de cabelo trançado em preto e branco, uma beleza de corda.
O caboclo praticamente arrastou o cachorro pra frente da onça e quando a fera avistou o cão, deu um grande esturro e partiu na direção do mesmo e só esbarrou quando bateu com a cabeça no gradil da porta.
Chiqueiro da Onça - vista pela parte de traz
Ainda hoje está lá no meio da encosta da Serra da Tubiba, bem no sítio dos herdeiros de Lia e João Araújo, num lajedo grande, a armadilha, conhecida como chiqueiro da onça.
Alçapão, construção rústica, feita com pedras arrumadas, gradil de madeira tosca ainda muito bem conservada, construída pelo hábil caçador Sebastião Abel Dantas, onde segundo se propalava, lá ele pegou muitas onças, aquela chamada onça de bode - a suçuarana - um bonito e perigoso animal, muito feroz.
Essa armadilha, é constituída de dois compartimentos, um maior, aproximadamente 4 X 1 metros, onde a onça era aprisionada, na entrada, naturalmente tinha um sistema de armadilha que baixava a porta, logo que a fera penetrava.
Aos fundos, um compartimento menor, possivelmente uns 1 X 1 metro, com uma grade de madeira que o separava do maior e onde ficava a "isca", sempre um cordeiro ou cabrito e que diga-se de passagem sofria um medo terrível. A onça era atraída pelo cheiro da isca e se lascava.
Como já disse anteriormente, supõe-se que o construtor dessa obra tenha sido Sebastião de Abel Dantas, caçador nato de onça.
Chiqueiro da Onça
Sebastião faleceu no ano de 1926, com apenas 45 anos de idade. Possivelmente esse monumento ainda hoje digno de ser visto e preservado, ele o tenha construído na primeira década do século passado (século XX).
Uma historinha que me foi relatada pelo meu velho amigo Sebastião Campina, Carpina de profissão e caçador por convicção, qualquer folga que lhe aparecia, botava a espingarda nas costas e se fazia no mato em busca de caça.
Ele contou-me que na época era vigário da freguesia de Santa Luzia, o reverendo padre Joaquim Alves Machado e que ele criava um cachorro bem bonito, grande e de muita estimação. Certa vez, o padre tendo sido sabedor das aventuras de Sebastião Abel, mandou pedir ao mesmo que quando pegasse uma onça, mandasse avisá-lo que ele queria conhecer a fera. E assim, se fez.
Certa Madrugada seguiu o padre numa comitiva de uns cinco cavaleiros e um portador - portador é aquele serviçal que quase sempre acompanha a comitiva de pé - isto nos tempos de antanho - ele levava pela corda o cachorro. Chegaram ao local no pé da serra, o sol acabava de nascer, apearam, amarraram os animais e pela vereda feita pelo caçador, subiram até o local do alçapão.
Todos olham e admiram o belo exemplar de onça, que já muito está nervosa pelo tempo que está aprisionada. Aí o padre diz: vou botar Tubarão na frente da fera, quero ver a coragem dele. Tubarão, era o nome do cachorro, tinha no pescoço uma coleira larga onde era presa uma corda de cabelo trançado em preto e branco, uma beleza de corda.
O caboclo praticamente arrastou o cachorro pra frente da onça e quando a fera avistou o cão, deu um grande esturro e partiu na direção do mesmo e só esbarrou quando bateu com a cabeça no gradil da porta.
Chiqueiro da Onça - vista pela parte de traz
Tubarão com o medo, dá uma arrancada para traz, toma a corda da mão do cabloco e foi a ultima vez que foi visto. O padre ofereceu todo tipo de recompensa - dizem que até o céu foi garantido - para quem encontrasse seu Tubarão.
Passado um tempo, Sebastião Campina caçando lá pelo Tapuyo, pras bandas do riacho que tem o mesmo nome, nas vizinhanças da armadilha, encontrou um resto de corda semelhante aquela que prendia o animal - por sinal que fez-lhe um grande susto pela semelhança nas cores , a uma cascavel - e logo na frente enganchada numa forquilha de mofunbo, a coleira toda enquerquilhada e mais nenhuma pista de Tubarão.
Um pouco na frente, aproximadamente uns 500 metros do local onde esta situado o "chiqueiro, existe uma furna na aba da serra e que os antigos denominavam de "furna da onça". É possível que tenha sido uma morada de onça. O local é difícil acesso, não é grande mas chega a ter a altura de um homem normal.
Fotos: Rosalba Nobre Ferreira
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